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Do abstrato ao simbólico

  • Maíra Macedo
  • 20 de fev. de 2018
  • 2 min de leitura

Ouro, o minério símbolo de valor, realeza e ostentação. A representação do Sol na Terra. Visualmente uma pedra, mas que com talento e tempo torna-se um objeto belo, caro e desejado. O dom da transformação foi concedido ao ourives, o artista que manipula ouro e prata criando joias delicadas. Suas criações não possuem só valor monetário, mas também artístico. Ele cria um objeto de arte.

Ele recolhe o minério, o aquece até altas temperaturas, transformando em uma massa pastosa e fumegante, como se fosse lava dourada. Esse mar é colocado em uma forma, modelando o futuro objeto. O polimento trará o brilho, tão necessário para um adorno que vive da aparência. Com diversos equipamentos rígidos como martelos e lixas, aos poucos a peça vai tomando forma. Por fim a textura, um complexo trabalho manual que escultura a joia. Com um serviço que inicia com brutalidade, força, sujeira e agressividade, é incrível pensar como o resultado final parece tão belo e delicado.

E então alguém o compra e usa como presente de aniversário. No caso, o meu. O objeto é pequeno, mas sua beleza sobrepõe o tamanho a ponto de ele ser escolhido para presentear. Ao segurá-lo, é difícil sentir a densidade da sua estrutura de tão leve que é. A visão da peça faz meu cérebro entender que a mão carrega algo delicado. A parte principal do adorno é uma mini pedra brilhante. Apesar da modesta dimensão, é possível vê-la à longas distâncias. Não é um diamante, mas sim algo parecido, talvez um cristal. À primeira vista acho que é branco ou até amarelado, mas olhando atentamente noto que não possui cor. É a incidência da luz que causa a mudança de coloração e, consequentemente, a confusão mental. A pequena pedra está localizada no topo do objeto. A estrutura de sustentação se assemelha a cinco dedos que se unem para envolver o brilhante.

Esse suporte tangencia a mão, que na verdade é o círculo perfeito da joia. O diâmetro pode variar dependendo do dedo que receberá o anel. A parte inferior, em relação ao cristal, é levemente grossa. Isso garante a firmeza da peça, evitando que parta ao meio com o passar do tempo. Em oposição à base, as laterais são bem finas. Seus lados afunilados não permitem deixar marcas na pele. Em relação a cor, possui um dourado suave, como as primeiras horas do amanhecer. Já o polimento da peça, o ourives foi bastante feliz. O anel brilha até com um fino traço de luz e, em uma luminosidade maior, ele facilmente reflete o que estiver à sua frente. Ao pegar o objeto com a mão, percebo que seu metal é frio, mas isso não permanece por muito tempo. O mero toque já o esquenta, ficando na mesma temperatura do corpo.

Esse adorno tem um valor sentimental grande, pois uma pessoa especial me presenteou. Só por isso já possui um espaço relevante na minha vida. Não irei esquecer o momento em que ele me foi entregue e o vi pela primeira vez. No entanto, o fato mais marcante envolvendo a peça é que só a percebo na sua ausência. Ele já foi esquecido em inúmeros lugares. É como se tivesse pernas e saísse andando do meu dedo. Mas por sorte, ou milagre, sempre encontra o caminho de volta.

 
 
 

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Maíra Macedo - portfólio - desde 2016

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