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O poder nas mãos do Rei do Brasil

  • Maíra Macedo
  • 26 de jan. de 2017
  • 3 min de leitura

Resenha

Seria estranho dizer que o maior jornalista do século XX sofria de gagueira? Ou que ele acumulou muito mais inimigos do que amigos? Ou, por fim, que esse homem, apesar da feiúra e da trombose, sempre estava rodeado por diferentes mulheres? Não é comum sabermos de tantas características diferentes de alguém, mas quem leu Chatô: o Rei do Brasil as conhece e sabe que Assis Chateubriand as possuía.


Fernando Morais fez uma importante biografia do responsável por escrever parte dos fatos mais importantes da história do país. O paraibano de Umbuzeiro, Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, ou “Chatô”, como era conhecido, conseguiu se tornar o dono de uma das maiores redes de comunicação que já existiu no Brasil. Compreendia os jornais, revistas e rádios mais influentes de sua época, sem contar as empresas que não eram vinculadas ao ramo das comunicações. Para muitos, ele é até hoje uma referência no ramo jornalístico.


Entretanto, o jornalista ganhou destaque também pelas suas polêmicas. Esse é um dos motivos pelos quais a obra merece destaque, pois o autor não se prendeu em dar relevância apenas às conquistas e inovações de Chatô, mas buscou mostrar suas falhas e defeitos, como todo ser humano possui. Dessa forma, pudemos saber o quanto o jornalista era íntimo do poder, tanto por ter se envolvido na política quanto por dominar os principais veículos de informação; ou então como era temido e não possuía ética, sendo um problema para quem entrava em seu caminho, que receavam ter suas reputações destruídas. Isso enriqueceu a história, provando que a sua baixa estatura nunca se igualou ao tamanho da sua ambição, pelo contrário, muitas vezes ela o fazia atropelar qualquer um que o atrapalhasse.


Por outro lado, Chatô fez muitas coisas boas pelo país. Ele foi o responsável por trazer a primeira emissora de TV para o Brasil, financiou diversos projetos em prol do desenvolvimento do país, que iam desde propor doações de aviões para treinamento de novos pilotos da aeronáutica, até a fundação do MASP e diversos outros museus por todo Brasil. Além disso, como jornalista que era, uma de suas grandes paixões, foi a escrita. Ainda que possuísse uma das letras mais horrorosas que já existiu, foi através dela que construiu todo o seu império, e que o rendeu, na época, uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Unindo essa relevância do jornalista com a história política e midiática brasileira, vemos que o enredo deixa claro o quanto é complexa e intensa a relação entre política e poder versus mídia e comunicação.


Um dos pontos negativos do livro está na evolução da narração. No início, há um enorme detalhismo para os primeiros anos de Chatô, o que deixou a biografia um pouco cansativa na leitura nessa parte. Porém, do meio em diante passa a impressão de ficar corrida, sem necessidade aparente. O estranho é esse enfoque que Fernando Morais deu ao começo da vida do jornalista, sendo que os anos de maiores feitos dele parecem ter menos destaque.


Não se pode negar que Chatô: o rei do Brasil é um livro interessante e indispensável para quem quer saber em pouco mais da história da comunicação do Brasil, tudo sob a ótica de Assis Chateaubriand. E o autor merece também destaque pelo seu trabalho minucioso de pesquisa, para descrever e eternizar a história desse grande jornalista.


Bibliografia:

Título: Chatô - o rei do Brasil

Autor: Fernando Morais

Lançamento: 1996

Local: Brasil

Língua: português

 
 
 

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