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Visita ao passado

  • Maíra Macedo
  • 9 de jan. de 2017
  • 3 min de leitura

Ferdinando Casagrande

Ferdinando Casagrande, jornalista formado pela PUC e recentemente escritor, veio ao Brasil para divulgar seu novo livro “Jornal da Tarde (JT) – uma ousadia que reinventou a imprensa brasileira”. Sua vinda proporcionou um conhecimento maior sobre o jornal, que além de ser tema do seu livro, é um antigo jornal que foi muito importante para o entrevistado e revolucionou o método de fazer jornalismo. Ele nasceu graças a Ruy Mesquita, no intuito de evitar uma briga familiar em 1966. Surgiu como diário vespertino, comandado por jornalistas jovens, com a intenção de ser irreverente e noticiar os acontecimentos da cidade de São Paulo para o público juvenil elitizado.

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O JT teve capas irreverentes e eles sabiam como usar a metalinguagem, acreditando que o leitor conseguiria atribuir sentido a pequenos detalhes. Essa ousadia foi um perigo na época. Fatos históricos, como a ditadura e o AI-5, causaram a censura de matérias e os editores tiveram que contornar essa situação criando capas com receitas, assim, rapidamente os leitores captaram a intenção e ligavam na redação para saber a notícia censurada. Essa característica mudou o fazer jornalístico, por isso a importância desse veículo. Mas problemas financeiros o levaram a mudar seu famoso perfil, o transformando em um jornal popular. Deu certo no início, mas as dívidas não diminuíram e em 2012, houve o desaparecimento do jornal. Por isso, Casagrande decidiu escrever o livro, para resgatar a incrível trajetória do JT na história do jornalismo.


O crescimento da era digital também foi um empecilho. Ferdinando acredita que o melhor caminho para o Jornal da Tarde teria sido migrar para plataforma online, mas as dificuldades financeiras eram tão grandes que não tiveram outra opção fora cortar gastos. Dessa forma, hoje o entrevistado já enxerga que todos os veículos impressos precisam se adaptar a tecnologia, tanto que ele já mudou seu hábito de leitura e o seu livro foi lançado como e-book. Porém, o Brasil ainda está engatinhando para esse caminho, diferente dos Estados Unidos, atual local de moradia do entrevistado, que já está bem mais disseminado e os veículos melhor estruturados digitalmente.


Fugindo da história do JT, Casagrande contou sobre sua experiência no jornalismo. Após 23 anos trabalhando em redação, hoje ele prefere ser freelancer. Foi a forma que ele encontrou de receber um salário melhor, sem ficar preso a CLT. Além desses anos escrevendo no Brasil, ele viajou bastante e isso enriqueceu sua profissão. Sua esposa recebeu uma proposta de emprego em 2008 para Luanda, Angola, então eles se mudaram para o país. Durante sua estadia, ele criou o blog pessoal Casa de Luanda, para os conhecidos no Brasil, porém os maiores leitores estavam em Portugal e Angola. O site cresceu tanto, que as pessoas que comentavam frequentemente passaram a participar. Porém, a importância foi reconhecida ao ser indicado a um prêmio Alemão, na categoria de Língua Portuguesa e na categoria geral. O blog chamou atenção por conter um guia de gírias e expressões das diversas tribos angolanas, um registro importante para integração de culturas.


O recente escritor aproveitou para dar sua opinião a respeito de alguns assuntos polêmicos, como a parcialidade da Veja e a qualidade duvidosa da educação americana. Sua visão experiente no jornalismo foi importante para dar sustentação a sua opinião nos assuntos, ajudando a construir uma visão mais realista do mundo da comunicação. A sua disposição em falar abertamente sobre qualquer tema fez da sua divulgação um evento abrangente, e a finalizou de forma completa e atingindo o objetivo de seu livro, que é mostrar a importância do JT.

 
 
 

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Maíra Macedo - portfólio - desde 2016

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