Um novo lar
- Maíra Macedo
- 4 de jan. de 2017
- 3 min de leitura
Reportagem fotográfica
Atualmente, a Síria é umas regiões com grandes conflitos entre o governo totalitário de Bashar Al-Assad e os chamados rebeldes. O governo Sírio age com uma forte repressão contra a população e utiliza a fome e a miséria como suas grandes armas. As ondas de ataques e as incertezas vividas diariamente já provocaram milhares de mortes e fizeram outros milhares de pessoas se tornarem refugiados, sendo o Brasil um dos destinos mais escolhidos por essas pessoas que anseiam viver em um lugar sem riscos constantes de repressão.
Huda é uma cidadã síria de 30 anos que exemplifica bem toda essa situação. Para buscar refúgio, em 2012 ela saiu de seu país de origem rumo a lugares desconhecido, juntamente com seu marido Maher e suas três filhas, Guina (8), Gazal (6) e Chan (2). Passou por alguns lugares, como Líbano e Egito, até chegar ao Brasil em 2014.
O governo sírio é uma ditadura, então as pessoas são comumente presas apenas por falar mal ou não gostar do governo. Muita gente morre de fome e muita gente já morreu no governo de Bashar Al Assad só por não concordarem, os chamados “rebeldes”, além do Estado Islâmico que também mata muita gente. Esse conjunto de circunstâncias fez com que a família decidisse largar tudo e ir em busca de um novo destino.
Eles estavam vivendo no Egito há um ano e meio e Huda estava grávida. Se o bebê nascesse lá, o país não daria documentos e passaporte, apenas um papel para que voltassem à Síria para registrar a criança. A família não poderia e nem queria voltar para tal país, por conta da guerra, e como no Brasil tinha uma facilidade maior em deixá-los entrar, eles optaram por isso.
Para a família, não foi difícil conseguir o visto do governo brasileiro, pois o Brasil é muito aberto e receptivo com os estrangeiros, em especial os refugiados. Como a filha mais nova do casal nasceu quando já estava no Brasil, eles também ganharam um visto com uma duração maior por conta disso.
No começo foi difícil a adaptação para Huda e seu marido, principalmente por não saberem falar o português. Com o tempo as coisas foram melhorando, e os dois conseguiram se adaptar ao cotidiano de São Bernardo - SP, que foi a cidade em que escolheram para se acomodar no Brasil.
Na Síria, Huda era enfermeira, mas também trabalhava como costureira e cabeleireira, e Maher era restaurador de peças. Hoje, no Brasil, ela trabalha como cabeleireira na própria casa, e ele como pintor. Aos finais de semana os dois vendem comidas típicas na Feira Árabe, localizada no Brás, em São Paulo.
Mesmo com a mudança de país, a família continua seguindo e praticando o Islamismo, fazendo as orações e indo sempre às mesquitas. Foi uma opção de a família manter esse costume, principalmente para que as filhas sigam esse caminho. Eles frequentam a mesquita Abu Bakr Assidik de São Bernardo e todos os dias, rezam em casa em frente um quadro de Meca que possuem em casa.
Hoje em dia, Hilda e Maher tem contato com suas famílias apenas através da internet. Apesar da saudade, eles não pensam em voltar para a Síria agora, pois sabem que a situação no país continua perigosa, e que no Brasil, apesar de todas as dificuldades, podem criar uma nova história para eles e para sua família.
Comments